O dólar atingiu a história barreira dos R$ 4 nesta terça-feira (22) e segundo analistas, a tendência é que permaneça em alta diante o atual cenário de incertezas.
O preço do dólar é influenciado pela lei da oferta e da procura: Se há muito dólar circulando, o preço cai. Se há pouco, o preço sobe.
Razões para as altas:
- O cenário de insegurança atual do Brasil faz com que investidores deixem de trazer seus dólares para o país, reduzindo a oferta de moeda e consequentemente, subindo o valor.
- Existe uma perspectiva de alta dos juros nos EUA, onde o investimento é o mais seguro do mundo. Assim, países como o Brasil (alto risco) ficam fora da rota dos dólares de investidores, pois eles podem lucrar mais, investimento de forma extremamente segura se colocarem seu dinheiro nos EUA.
- Programa cambial do Banco Central: Há alguns meses, o BC tem realizado leilões diários de dólar por meio de contratos de swaps – nos quais se compromete a vender dólar no futuro. Assim, ele tenta manter o volume da moeda americana disponível e o preço estável.
- Negociações para a aprovação do ajuste fiscal: O governo apresentou um plano para alcançar um superávit de 0,7% do PIB no próximo ano, mas as medidas dependem de aprovação no Congresso. Sem ajuste fiscal, a capacidade do país de atrair capital estrangeiro fica ainda mais difícil, já que aumenta o risco de "calote" para os investidores.
Efeitos na Economia:
- Aumento do preço de produtos importados ou fabricados com insumos de outros países. No ano passado, a participação dos importados no consumo nacional foi recorde – 22%, valor mais alto da série histórica, iniciada em 1996.
- A alta no preço desses produtos entra no cálculo da inflação, que aumenta e, por sua vez, impacta no reajuste da maior parte dos preços no país. "O consumidor perde feio. [...] Para o cidadão comum, a percepção é que se está ficando mais pobre", diz Fabio Kanczuk, da FEA-USP.
- Para os exportadores, quanto mais alto o dólar, melhor, porque seus produtos ficam mais baratos lá fora e vendem mais. Porém, no caso do Brasil, os números da balança comercial – que nos dois primeiros meses do ano teve déficit de US$ 6 bilhões – mostram que não tem sido fácil vender produtos do Brasil no exterior, mesmo com o câmbio favorável. Os entraves estão na baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros e na alta carga tributária, que encarece os produtos.
Fonte: G1 - São Paulo - Economia